Thursday 3 July 2008

A whisper

A noite vira dia e eu ainda não tenho respostas. E é tão tarde ou tão cedo para ir. Está tudo errado ou talvez posso rever o certo e reinventá-lo. Vou seguindo o corredor escuro que me levará até o começo. O começo. E o céu, se fechar meus olhos, posso caminhar em outro caminho, em uma colina, algo como um lar, tão longe quanto o céu. Ou tão perto...
De tudo que conheço, não há nada de que fugir nem tão pouco aonde ficar. E o lar que criei está afundando com as pedras. Não há nada aqui, já acordei e não há nada aqui. No escuro fala-se baixinho, para o invisível não roubar suas palavras, mas está claro e continuo sussurrando. Sussurro o tique-taque do relógio, o bater das asas, o vento no vácuo, a porta fechada, a luz indo embora, feridas se abrindo, a terra tomando forma, e todos são sussurros mas parecem gritar no escuro. Parecem altos e urgentes, pode até ser que desapareçam no segundo seguinte mas são gritantes nesse segundo exato. Pare, não tente abrir os olhos, sinta o barulho contínuo do sussuro. Logo ele vai gritar para você enxergar as cores do escuro e você está tão longe para ver, tão perto para voltar, tão perdido para ficar... Tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique.

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