Monday 10 December 2012

Debajo de los rizos de su pelo



o rádio parou naquela estação
naquela canção de amor 
que tem a cor do seu barco 
parado no colo
nos meus olhos, também

e agora era silêncio 
mas era tão alto que
entoava a nossa dança
era tão cafona que
você ria por todo lado
era tão bonita que
sumia toda a sala de estar 

daquela vez que 
você não sabia a música de cor 




Sunday 4 November 2012

Head over heels



A lua cheia beira ladeira 

Três graus. Pelo rádio, a terra em chamas. O cais, uma ladeira. As ondas, o silêncio. Eu também gritava esse silêncio.  Gritava para escutar a cor anis da segunda lua cheia de agosto. E quando a tua música começou a tocar, sentia um embaraço percorrendo meus lábios, um nó atado pela tua ausência, pela tua presença, também. Não iria nunca mais dançar. Pés, cintura, mãos, olhos, batimentos, tudo acompanhava o teu ritmo. E eu pensava, ao olhar todas aquelas sereias cantando na ponta da pedra escura, na pedra que era também submersa, - na avalanche que me deitava o corpo e fazia-se meu - que, devagar, aquele canto me cegaria até apagar as coordenadas de volta pra casa e criar guelras, escamas, espinha, até não dormir, sem pálpebras, sem sono, sem nada além da fissura estampada na primeira página de um jornal diário. 

E ao acordar, muitas vezes em cima do cantil vazio, regurgitava o último pensamento, que virava o primeiro de um novo dia navegando: em algum lugar, a gente dançava, a gente existia sim. Mate-me. 

Desci o barquinho preso na popa do navio. O prendi com uma corda larga e nos joguei no mar. Era noite de lua, ainda. Só pensava que poderia desprender aquela corda e ir nós marítimos atrás do teu cais. Que beirava aquela lua toda. Ela era azul, eu te encontraria. O teu olhar caiu no breu. Não queria saber se era uma quimera, se era paisagem, miragem, vertigem. Era a tua voz entoando nas pequenas ondas, já tão próximas do meu barquinho sem motor, preso na corda, preso, na verdade, a uma lástima, a uma euforia, a uma rebelião sentimental, um esquecer permanente, que me fazia soterrar somente àquele momento. Subi pela corda. Joguei a âncora em alto mar. Já não tinha razão alguma para esperar ela afundar em terra submersa. Voltei ao barquinho. Agora com um remo, uma alga colorida, uma garrafa vazia, cheia de papel. A lua se aproximava. Não era sereia. Era irremediável, o continuar. 

Remei ate o farol do cais. Do teu cais. Mucuripe. O nome do teu cais arrebatava as ondas calmas com meu remo. O teu gosto me invadia sal à dentro, maresia confundida com suor. Será que todas as noites de lua eu sairia, assim, cigana, pra te procurar? Ah, mas era você... Era tudo que eu via naquela névoa sem linha de horizonte, entende? Era sua a direção estampada na minha bússola.  A luz do farol estava verde, por causa da névoa. Seria difícil te encontrar em outra cor. O teu amor faz cometer loucuras. Era o que minha boca seca sussurrava ao se aproximar daquele cais. E que te prometi um beijo no píer. E pensava que qualquer lugar seria um píer, quando era você. É que estava sempre a margem de algo infindo. O mar é infindo. O píer, uma margem.

A lua se desfazia em seu provável último raio. O céu já vermelho. O farol nem piscava mais. Era carnaval em agosto. Era carnaval o ano inteiro. Era carnaval porque o botão da tua blusa amarela caiu na rua de pedra e era quarta feira de cinzas. E eu ficaria ali, assistindo, em terra firme, o teu dia, a tua lua se desflorar e virar outro mês, outra hora, outra vez. Outra vez ali, e sem você também. Mas o que mais me atraia em ir deitar no teu cais, na lua cheia, era que você, esporadicamente, deveria ir ali, também. Então, em algum tempo-espaço, a gente dança, naquele mesmo cais. 

E, na areia, distraída, achei outro botão. Sabe aquelas conchas que achamos? Aí a gente encosta nelas e escuta o ronco do mar. Ali sem água, mesmo no concreto, o ronco dele está perto. Encontro botões, assim, também. Na areia, no vidro, no mar. E, mesmo distante, assim como as conchas estão do mar, te escuto chegando. Escuto você sussurrando sua volta ao cais.




Thursday 1 November 2012

Careless whisper



 Os dragões também dizem sim ou O hibrido escafandro

A água ficou vermelha. Um oceano inteiro nos meus olhos. Virei escafandro. Ao nadar por aquelas águas, tudo parecia genuinamente meu. É que, no azul, não poderia mergulhar. Não sabia aonde ir, como chegar, como voltar. Seriam seus os sinais, se era azul, também, o seu sorriso, da cor do seu adeus. Tudo permanecia azul, porque você era azul, sereia. 

Num mar vermelho, turvo, esquecido, estava tudo bem. Desci até sentir a pressão entrar no meu peito. Ou sair. Fechei os olhos. Era minha única opção: achar o rosto por trás da voz. É que estava condicionada a ver seu rosto em qualquer parte do mar. Eles só viam pedaços do teu corpo, lembracas do teu mapa, algas do teu girassol, conchas em teus botões, azul da cor da tua janela. De olhos fechados, não via tudo você. Poderia reconhecer teu canto, o verdadeiro. Fechados. Já fazia um tempo em que não nadava com ancora, corda presa nos pés. Machucava tuas barbatanas. Cada vez mais, você virava do mar. Quase não saia mais pra superfície, o azul também era tua casa. 

Eu tinha ar para sete minutos. Agora seis e cinqüenta e três. Dancava no profundo vermelho. No finito... Tuas mãos em minhas mãos. Sentia teu ar no vidro do escafandro. Meus pés de pato, tua calda. Um satélite energizando a água, de vermelho para o negro. Sumimos. Na dança, nadávamos. Na velocidade, imprecisa, de nós marítimos humanos. O satélite no vidro entre o teu rosto e o meu ar de quatro minutos e vinte. Não poderia escapar. Prendi a respiração, ainda você no vidro. Segura meu ar, sereia. Me segura. 
Saí do vidro. Já não era mais escafandro. Era híbrido, terminantemente escasso, participante do teu mundo de guelras. Um vôo em emergência, num mar completamente vermelho. Abri os olhos. Abri os olhos no azul dos teus. Desencadeava algo que chamavam de Sol do Dragão. Era o mar vermelho, pelo fogo que os dragões marítimos carregavam, e queimava a água inteira. Sem poder despejar tanto fogo, a pigmentação corroia toda a maré. E nessa maré, era possível ver todos os, também híbridos, seres ciano-magenta que permaneciam camuflados, meio a todo o azul do oceano. A densidade no Sol do Dragão era mais intensa, então estávamos todos em desaceleração constante. Estávamos presos no tempo dos dragões. O meu ar de quatro minutos e vinte reduziria, ou acabaria, ou estenderia por horas. Estava a todo vapor, a mercê do Sol hibrido desacelerado em construção. Você continuava azul. Sua dança em movimentos parcialmente espaciais. Seu sorriso destruía, calmamente, a minha pressão submarina. Meu coração, agora hibrido, parava e soluçava em voltas quando sua dança chegou a mim. Ela tocou, milimetricamente, todos os fios da minha cor inexata oceânica. Sua calda esparramada na agora nossa dança. “Não dói”. 

Estávamos à queima roupa. Dois passos em velocidade lunar. Os cavalos percorriam nossa atmosfera em passos acelerados, cabeça pra baixo, círculos violentos de ar pelos poros azulados. Firmamos as mãos, adágio. Collé. O submundo marítimo sucumbia pelo mar vermelho. Abissais tentavam chegar a terra para descolorir a indevida freqüência que os dragões pintaram.  Híbridos corpos em devant. Costas arqueadas. Nenhum marujo havia beijado a boca de uma sereia, antes. Era letal para qualquer sentido humano. Mas no Sol, com o mar vermelho, também era um ser do mar. Não haviam lábios a serem tocados. Só aquela sensação de perder-se. Eu sabia que se ficasse, ela estaria sempre ali. Peixes pescadores se misturavam a esponjas, sua luz já não iluminava. Espectros e corais continuavam em ordem, em descanso e luto absoluto. Sissone. Salto em duas pernas, caindo em uma só. Estando em uma só. Era a ultima coisa que queria fazer. Passaria o resto de meu tempo tentando lembrar apenas daquela sensação de ser Azul, de ser organismo parte do teu mundo.
Uma correnteza enviesada para cima. O mar escurecia. A noite caia ali, também. Caia e levava com ela a cor vermelha dos dragões. Ouviam-se sussurros quentes, eles iam embora, deixando todo o azul do mar no seu devido estado de outrora. A correnteza me levava para a beira daquele oceano. Ah, você. Voce que é daqui. Eu que não fico. Que também não vou... Não vou porque resisto exatamente assim. Resisto na cor mais bonita. Na tua cor. 

Vinte e cinco segundos de ar. De cabeça pra baixo, retornava a superfície. Minha roupa de escafandro pairava há alguns metros dali. Ainda era dia, pelo céu. Pelo mar, era noite. Nadei até o navio. No vidro da cabeça submarina, marcava os mesmos quatro minutos e vinte. Eu estava suspensa, no tempo dos dragões.  Permanecia em você, à queima roupa. “Não dói”

Thursday 11 October 2012

Speedway

And when you slam down the hammer
Can you see it in your heart?
All of the rumours keeping me grounded
I never said that they were completely unfounded
 

When you slam down the hammer
Can you see it in your heart?
Can you delve so low?
And when you're standing on my fingers
Can you see it in your heart?
And when you try to break my spirit, it won't work.

Because there's nothing left to break anymore
All of the rumours keeping me grounded
I never said that they were completely unfounded
You won't sleep until the earth that wants me
Finally has me, you've done it now
You won't rest until the hearse that becomes me
Finally takes me, you've done it now
You won't smile until my loving mouth
Is shut good and proper
FOREVER
 

All of the rumours keeping me grounded
I never said that they were completely unfounded
And all those lies, written lies, twisted lies
Well, they weren't lies!
They weren't lies
They weren't lies.
I never said I could have mentioned your name
I could have dragged you in
Guilt by implication, by association
I've always been true to you
In my own strange way
I've always been true to you
 

In my own sick way
I'll always stay true to you.






Tuesday 11 September 2012

Hindue blues

o enterro no cais

quarenta graus. embarco mesmo assim. tripulação, não temos âncora. presos no cais. o vento não balança nem as ondas. não balança nem a sensação térmica de trinta, não balança nem o teu cabelo de areia, sereia. não posso te olhar. vinte e oito graus. quase terra firme à vista, quase você, seus olhos me tirando o foco, me perdendo a mão, a dança, o pôr do sol, tudo que não foi, tudo que não tinha você, eu perdi tudo isso, me perdi, sereia. 
andei por cima daquele porto, cada cais, cada barco, cada peixe fora d'água, cada luz, corda, verso, ponte, pedra, terra, névoa, barulho, letra, escuro, tudo no seu dirigível. não. só piloto barco, a maresia me distrai e viro pó, também. andamos mais depressa, assim. descemos do dirigível. era você, sereia. quase na borda, quase sangue... quando abriu os olhos, sabia que seria exatamente assim. eu não podia olhar pra você. hipnotizo. mas sua calda, fisgada, seu sangue na areia, seu frio te deixando azul, tua tristeza tão minha... olhei. fato. cortou meu coração, a mesma farpa que cortou tua calda. "não dói" ah, sereia... ah, você... e essa lágrima, então? e esse adeus? você é grande, mas eu te pego, te coloco no meu agasalho. será que, se te beijar, você vira gente? será que eu viro sereia, também? será que a gente vai embora, então? serão teus os pés a navegar no dirigível? serão teus os olhos tão distantes que tento puxar pro meu cais? ah, não, sereia. dói sim. você pode explicar sim, sem falar... o teu volume pesa em mim. não, não, não abre o olho, você... abriu. mesmo  no escuro, te vi. dói, sereia. mas dói baixinho, dói só aqui, quando você tá indo embora. mas também sou do mar. eu volto com você. te faço um carinho, te deixo na fenda que dormes, nunca mais uso âncora, sem pretexto pra te prender.

quinze graus. desci do convés, me curvei até tocar a água, minha mão mergulhada no balanço das ondas. o sol nascendo. fechei o olho. agora pra te ver, sereia... você é tão bonita. sua mão quase emergiu do mar, tocando a minha. não faz mal. não dói. vou beber mais garrafas. assim as tuas cartas tem morada mais rápido, e, quem sabe não chegam onde estás? ah, você deveria cantar, sim. 
me canta até te encontrar, sereia. 

Tuesday 4 September 2012

Lipgloss and cigarettes


blue moon, um dia depois. minha boca em chamas, no primeiro dia de primavera. não sei dançar, mantenho a distancia, permaneço na impossibilidade. dormi tarde, era segundo dia de primavera. acordei tarde, também. pensando em lembrar da música que dancei com você, agradecendo muito não ter sido embalada pela vodka. dormi de novo e me permiti, ao acordar, colocar meu sueter sem cor, a bota suja de lama, um maço de cigarros, que até poderia apagar, sim, e desci sem caminho algum. parei em frente a sua janela, procurando um motivo para estar ali. não achei nenhuma boa razão pra te contar, então desci a rua sob o pretexto de que, por um dia, te levaria para um passeio, como se fossemos heróis. você seria má. e eu beberia o tempo inteiro. então nada poderia nos manter juntas, e roubariamos o tempo, assim, por esse dia. ou, simplesmente, escreveria sobre esse dia, com o cheiro de cerveja da sua boca, também cortada, também distante, de trilha sonora. mas, na verdade, eu não sabia qual daquelas era a sua janela. então acendi outro cigarro, lembrei da louça pra lavar, quase lembrei da música, também, desejando não ser I'll never gonna dance again

Sunday 15 July 2012

Janela lateral

quando eu falava dessas cores mórbidas
dos homens sórdidos, do temporal 
o cavaleiro marginal




mas isso é tão normal... 



Tuesday 10 July 2012

Last dance for Venus


Enquanto eu mergulhava, me perguntava se era você ou eu, que morria.

Se ao te partir, ainda ia restar alguma coisa dentro de mim, de nós.

Ou se ia esvair-se como a linha que me puxava pra superfície - e encenei não alcançá-la. 

Pediria um cálice cheio de qualquer coisa, pra preencher o vazio que você deixou, 
quando a nossa valsa chegou ao fim. 

Qualquer pouco seria o suficiente para me afogar por completo, pra me deixar.   
Te deixar por um instante.

E, virando poeira, meus olhos apagam a chama que me vigiava do fim ao começo, 
num intervalo imóvel. 

Pois o azul que me preenche é o mesmo que te invade, que nos cala.

Que decai sobre os teus cabelos, me despedaçando

Que te fere sem tocar, no embalo

Que me entrega o pesar, diminuto

Que te enterra em nuvens, o silêncio

Que termina em dois passos, a valsa

Que me chama, acende: a última

Que sussurra o par, vazio

O azul que

Perdendo a cor,

Final e presente

Revela ao amorfo, você. 



Monday 16 April 2012

The velocity of Saul at the time of his conversion

Loosen the wire/ Your time has expired/ the only word left is "goodbye."/ In my new dream the light's shining on me/ Little needles of sodium unstitch the seams of the sky/ Hold your head higher/ The heavenly choir is settling in for the night/ And where I had friends I am left with loose ends/ Four hours of vision exchanged for four hours of fright/ But enough of "the fight"/ Enough "you and I"/ Enough of "prevail" or "walk in the light."/ While the angels stand by/ I get high as a kite/ I'm too tired to smile or know that I'm right/ Am I right?/ And all our best-laid plans/ They crumbled in our hands/ Our flags fell where they'd fanned/ You held in your breath/ Long after projections of death/ You sat in the waiting room gasping and rasped on dry land/ But the audience is tired/ "we've had enough fire, we're entering the age now of ice."/ And I, feeling older, pull off to the shoulder/ And wonder, with my head in my hands/ Should I call my wife?/ And say "enough 'you and I,' enough of 'the fight,' enough of 'prevail' or 'walk in the light'?"/ While the angels stood by/ I got high as a kite/ Too tired to smile or know that I'm right/ And when the spacecraft came down/ I was left on the ground/ Will you keep me around, will you help me survive after my

(Okkervil River)




Sunday 15 April 2012

You have killed me

Nunca mais você chegou
Na volta de uma partida
Nunca mais

Nunca mais você chorou
Lágrima banal de pertencer
Nunca mais

Nunca mais você tocou
O corpo para, de contra o meu,
perder o pulso, o gosto, você
Nunca mais

Nunca mais você perdeu
O trem que parte em mim
Que traz o fim, o fim de um
par sem cor
Nunca mais

Nunca mais você, tristeza
Chegou em desespero para largar
o jogo, o todo, o ontem, o fim

Você que não é, nem vem
Nem chora, nem perde
Você que não sei...
Nunca mais.

Quanto instante em um tempo
Quanto azul no escuro
Tanto você em mim

MURROW, James

Thursday 22 March 2012

Killer moon

a Jack's letter to Benjamin


dear Half,

I need quit smoking. the drag is longer, like everlong. like empty, like you. I catch myself wanting you til the bones, bringing the refuse to you, only, again. breathing you in... the cruel way to end with anything real open in ourselves. and when I close my eyes, i cant see you, its like we're in the same space but not in the same time, getting closer to get what was left in all of the assurance....

I'm running but cant touch the ground, to get in your place, in your side. you cant ask me how, baby, because I'm full of questions, full of answers, and empty instead. I read your imaginary letters, half, you finally felt the broken glass comming into you, right? like the force that has no cause, like the violator in your final offer: priceless. and then again we change the places to better off your vision. nether you or your love could bring me down. remember you cant destroy me inside you, dear. you'd have to kill yourself. so see, Benny, run! I'm comming to you, tumbling behind you, sucking you till you turn into myself again. See... I'm still irreversible but take a chance: imagine.

the storm is breaking, Ben...

almost yours,

Madness

Sunday 18 March 2012

Paralelas

Some nights I thirst for real blood/ For real knives/ For real cries/ And then the flash of steel from real guns/ In real life/ Really fills my mind/ And I really miss what really did exist/ When I held your throat so tight/ And I miss the bus as it swerved from us/ Almost came crashing to its side/ Sometimes the blood from real cuts/ Feels real nice/ When it's really mine/ And if you want it to be real/ Come over for one night/ And we can really, really climb/ And those blue bridge lights might really burn most bright/ As we watch that dark lake rise/ And if you really want to see what really matters most to me/ Just take a real short drive/ It's just a drive into the dark stretch/ Long stretch of night/ Will really stretch this shaking mind/ And this room, unlit, unheated/ And the ceiling striped/ And the dark black blinds/ I want to know this time if you're really finally mine/ I need to know that you're not lying so I want to see you tried/ And I don't want to hear you say it shouldn't really be this way/ 'Cause I like this way just fine/ 'Cause there's nothing quite like the blinding light/ That curtains cast aside/ And no attempt is made to explain away/ The things that really, really, really, really, really are behind/ You can't hide

(Okkervil River)

Monday 6 February 2012

Instant Karma

sobre os coagulos de uma espera (cena última)

era terça feira de carnaval, o bloco na rua, quarenta graus de sol num céu meio azul. ela ficava no quinto andar de um prédio na esquina da avenida principal. as quatro e vinte ela apagou o cigarro no parapeito, como de costume, deu um gole da sua ultima dose de vodka com gelo - era um dia bem quente para medir necessidades - e foi até a pia da cozinha. lavou todos a sujeira doméstica de uma, duas semanas, e depois lavou seu rosto, com a mesma esponja que, outrora, engordurada, passava pela louça. esfregou a esponja até se sentir completamente livre de qualquer sujeira possível advinda do calor colossal daquela tarde. ou talvez ela quisesse simplesmente se livrar de outra coisa que perecia no seu rosto, além do pó que subia da avenida. e fincou demasiadas vezes uma das facas que estava sob a pia já seca, no rosto, também. era terça feira de carnaval, o bloco ainda na rua, quatro e trinte e sete. o sol não havia baixado, nem as pessoas tinham ido embora. o sangue não estava seco, ainda, quando Luza acendeu outro cigarro, olhando pelo parapeito a alegria alheia de qualquer pessoa ali presumidamente feliz. e, sem delongas, ela fitou o chão de cima, na altura da laranjeira a sua frente, num ponto de onibus interditado na avenida. o rosto ficou intacto pelo sangue quase coagulado, no meio do bloco. só o rosto, só o sangue. em retalhos
-
to be continued

Sunday 15 January 2012


she's got nicotine stains in her eyes
she's got nothing to protect but her pride

smothered a kiss
or be drowned in blissful confusion

see her tumbling down


About Me

My photo
I'll meet you in the light.

Followers