Tuesday 19 October 2010

Save a prayer


então permaneço aqui, nesse escuro, nessa dúvida, nessa farsa envolvida em meus dedos por tanto tempo. imaginar que sua voz vai além de seus egos, é mais provável quando se tem um pouco de sanidade, quando a certeza dela não se faz passional.
passando numa rua, fim de noite, olhos desfocados, peito vazio, muito barulho do lado de fora, do lado de dentro também, mas, ah, não ousaria escutar nada além do meu silêncio. percebi que o caminho que estava sendo feito, não me afetara. não era uma luz para seguir por minutos a fio, ou o tempo qualquer que quiseres. dessa rua, na rádio, tocava uma música triste, que joga você pra um funil de sentimentos exatos, mas que não são palpáveis nem muito menos afáveis. ah... meu bom dia vai pra tristeza, pra única sensação real que experimento, que tenho comigo, do momento que acordo até apagar em cores oníricas. mas não deveria ser tão espesso o tamanho da veracidade que ponho em linhas, aqui. poderia, até, mas não pode ser verdade se não fazes verdade para você, loucura. e mais uma vez, estou até indo bem, estou aprendendo a ser apática novamente, aprendendo a ser uma só em três. então, não me peça para sorrir, não me traga uma prece feita de alegria e esperança, porque danço assim mesmo, nessa velocidade, em uma noite inteira, sozinha, dois passos pra cá e dois pra lá, movo o pouco que me restou de leveza com uma ânsia tão brutal que é confundida com calma. é como arrancar todos os poros de uma árvore e ela ir murchando devagarzinho, sem pressa. não duvide da dor que a calma não aparenta, ela é o dobro da sua insanidade calculada e grotesca, em formas e gostos diferentes. a minha calma é o calar que ponho na balança junto com sua agressividade ávida e faminta. meu calor é pálido, devagar e bem instável... então, não. não me traga suas preces, amor. não me deseje sorte ou paz, guarde para de manhã, me chegue com um bom dia tão maior que minhas desilusões, me pergunte como foi sonhar longe desse inferno enquadrado por tanto tempo, me faz um café bem forte, toma meia xícara, então, me dá o resto devagar, pra ter vontade de beber pra sempre, metade de você. mas não essa reza por paz de qualquer coisa, esse cuidar direcionado e inflamado de nada por se saber. chega em mim, tristeza, bem cedinho, provavelmente estarei acordada, te esperando bater em minha porta, mesmo ela aberta... bata. vou continuar surpresa, vou sorrir baixinho, pois tenho vergonha, meu sorriso é tão bobo, tão vitral que não preciso te-lo comigo, para não me sentir tão boba assim, nessa moldura. e quando for de noite, mesmo sem ter passado o dia, ao fechar os olhos, ao sair no escuro, ao procurar um rastro de azul no meio de tanta bagunça nessa dança mal colada, me pede a mão, me enche os olhos, me trague por inteiro, mas não me faça essa prece agora, não... guarda ela pra amanhã de manhã. pro bom dia se encher de devaneios de novo, pra dar o que nunca foi nem aspirado em voz alta, à minha loucura que pouco a pouco se faz mais real e visível no claro do dia. bom dia, loucura, segura a minha mão forte, para ninguém nos ver na luz,


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I'll meet you in the light.

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