Friday 20 November 2009

Enquanto engomo as calças

engraçado, aquela música antiga (cavalo ferro), na beira da praia, na calçada quente. quando eu costumava tentar algum tipo de ocupação útil, como fazer sopa de grama para as borboletas, ou não ralar o joelho, roubar tomate da cozinha para comer escondido - e descobrir que o gosto é realmente horrível. também lembra o meu primeiro - e único - bichinho de estimação: um pintinho, ou melhor, pintinha. ela era bem preta e aniversariava no mesmo dia que minha mãe. não de verdade, claro. mas ela precisava comemorar algum dia. antes de ela 'fugir com um galo e todos os pintinhos filhos morrerem de tristeza e desamparo', ela dormia na minha barriga, a levava para passear em um carrinho de bonecas até uma porta atrás da casa, azul, de ferro. mas quando eu a adotei, ela nem pena tinha, era uma bebê franga. e ao separar-se dos irmãos bebês frangos, ela ficou só, sem ninguém pra conversar. então tive que aprender a falar com ela. pra quando ela tivesse medo de dormir só no escuro, eu cantar alguma coisa que ela entendesse. e assim foi. eu a acalmava cantando feito passarinho. e até hoje, quando tenho medo, canto que nem passarinho pra ver se a apreensão vai embora. por que cantar, parece com não morrer

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