Monday 31 August 2015

no pasa nada todos los días



a sala repete uma estória
- se quebra em cacos
as vezes não dá pra parar.
repete a parede aquela mão e corta
termino esbarro o cheiro uma vez só
não paro e não paro

você deitada no final do corredor
não cabe no apartamento
o teu cabelo caindo pintado
não cabe na quina da cama
tuas costas um ponto vermelho
não cabem na mesa de centro
tua boca e juízo
não cabem de jeito nenhum
não cabem nem saem daqui
tua barriga cortada
não cabe embaixo do sofá
e a porta não fecha


Tuesday 17 June 2014

só dez por cento é mentira

Friday 13 June 2014

Love to a monster

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Tuesday 22 April 2014

Sol maior

se seis fosse nove
os meus cabelos cairiam no teu corpo
tua mão agitaria a minha espera
na canção e no rádio 
você falava, sentava e dançava
em mim

o sol maior passaria sobre o equador 
e sobre tua casa também

e lá naquela esquina 
os números partiriam da linha do teu vestido
e te reduziria a um só 

o sol na casa oito 
encarnado









Monday 14 April 2014

1/2


if six was nine

Saturday 14 September 2013

Maresia


esperei a maré secar, sereia
avesso quadrado do espaço
findava o quase remoto portão
não muda a cor

você de laço dado, febre, contorno
e eu esperando a maré encher

e eu esperando a maré chegar

Thursday 12 September 2013

Cruzando raios

uma onda suspensa, norte e sul
entre meio a tempestade.

a resistência pontual,
na linha do equador

a tua mão me segurava por dias
cruzava aquele muito longe
espaço sideral permanente

dava para ver desse lado
o quanto corria para ficar do teu
à margem de um pedaço, contramão

era um pouco emergente
o pouco caminho, o meu voo
era teu corpo a tiracolo
era o argumento, o começo

pesava o giro, retorno
e eu me sentia como você
o mar secou, esperei







Wednesday 11 September 2013

Um gosto de sol


fita branca na janela, desconfiei
pano, véu, flanela, ópio
pra desencardir 

luva, pó, sangue paleta
papel tomado a seco
bebo toda a boca falta
para estancar

o ponto vazio entre o lábio pintado 
do outro lado do corredor 
duas pedras de gelo sumindo, delírio

 beira o estorvo comendo o teu nome
limpando os teus gestos, teus beijos
caindo de adeus, afinco - exilado

descasco o pedaço daquela janela 
carmim correndo com medo 
duas luas, fogo e sal
pra embalar

o corte de sol, partido
bebo toda a boca
estanca

Tuesday 30 April 2013

Acrilírico

Virando nós marítimos 

Uma linha no espaço sideral
Permeia de um lado ao outro
Um sino batendo revés
A sombra virada pro mar
Um olho de cada cor

Ao partir do estado final
Tão longe que

Era você que estava sentada
Aquela janela dizia tudo de ti
O ponto seco voltando e indo
Nunca enxergava o lado de fora

Você cabia em mim

Uma légua pela metade
Teu pó e língua
A um passo de nós
Marítimos em fim










Friday 12 April 2013

Your latest trick


Sonho no convés

A tempestade estava quebrando, ou, pelo menos, parecia. Não estávamos a bordo de nada. A bombordo de nada. Era um espesso frio que descia pela espinha. Que circulava as nossas mãos, que não se tocavam em nenhuma hipótese. Era um áspero espasmo que tremia as fissuras daquela areia submersa, que a gente, também, não toca. Quanto mais perto de te tocar estava, mais a correnteza nos punha onda abaixo, aquele respirar contínuo, boca aberta. A nossa temperatura não condizia com a do mar. A voz falhava, não existiam hipóteses, nem horizonte, nem veleiro, nem âncora. É sempre inverno naquela espuma em neve, que voa com o vento. É sempre um inverno calmo, sombrio. A gente não enxerga debaixo d’água. Mas te via, mesmo assim, cada vez mais longe. A tempestade fazia caminho inverso, ela acalmava assim que os minutos faziam você afundar. A gente também não tinha fôlego, foi como desistir de estar em um lugar que te pertence. Foi exatamente assim que afundamos. A sua mão, braço, colo, oxigênio, pintavam o breu, precisamente. Não doía.

Quando você sentiu a areia gelada lá do fundo. Sem estepe, fazendo fumaça, era como se afundasse, também.

A água parecia invadir o barco, parecia estar batendo na âncora, parecia ter alguém preso lá. Era como estar pescando e sentir a isca sendo apanhada. Aquele mesmo movimento inquieto da linha. Puxei os cabos até a proa. Uma sombra se debatia entre a pata e a cruz da âncora. Não dói. Acordei de ti.   

Monday 10 December 2012

Debajo de los rizos de su pelo



o rádio parou naquela estação
naquela canção de amor 
que tem a cor do seu barco 
parado no colo
nos meus olhos, também

e agora era silêncio 
mas era tão alto que
entoava a nossa dança
era tão cafona que
você ria por todo lado
era tão bonita que
sumia toda a sala de estar 

daquela vez que 
você não sabia a música de cor 




Sunday 4 November 2012

Head over heels



A lua cheia beira ladeira 

Três graus. Pelo rádio, a terra em chamas. O cais, uma ladeira. As ondas, o silêncio. Eu também gritava esse silêncio.  Gritava para escutar a cor anis da segunda lua cheia de agosto. E quando a tua música começou a tocar, sentia um embaraço percorrendo meus lábios, um nó atado pela tua ausência, pela tua presença, também. Não iria nunca mais dançar. Pés, cintura, mãos, olhos, batimentos, tudo acompanhava o teu ritmo. E eu pensava, ao olhar todas aquelas sereias cantando na ponta da pedra escura, na pedra que era também submersa, - na avalanche que me deitava o corpo e fazia-se meu - que, devagar, aquele canto me cegaria até apagar as coordenadas de volta pra casa e criar guelras, escamas, espinha, até não dormir, sem pálpebras, sem sono, sem nada além da fissura estampada na primeira página de um jornal diário. 

E ao acordar, muitas vezes em cima do cantil vazio, regurgitava o último pensamento, que virava o primeiro de um novo dia navegando: em algum lugar, a gente dançava, a gente existia sim. Mate-me. 

Desci o barquinho preso na popa do navio. O prendi com uma corda larga e nos joguei no mar. Era noite de lua, ainda. Só pensava que poderia desprender aquela corda e ir nós marítimos atrás do teu cais. Que beirava aquela lua toda. Ela era azul, eu te encontraria. O teu olhar caiu no breu. Não queria saber se era uma quimera, se era paisagem, miragem, vertigem. Era a tua voz entoando nas pequenas ondas, já tão próximas do meu barquinho sem motor, preso na corda, preso, na verdade, a uma lástima, a uma euforia, a uma rebelião sentimental, um esquecer permanente, que me fazia soterrar somente àquele momento. Subi pela corda. Joguei a âncora em alto mar. Já não tinha razão alguma para esperar ela afundar em terra submersa. Voltei ao barquinho. Agora com um remo, uma alga colorida, uma garrafa vazia, cheia de papel. A lua se aproximava. Não era sereia. Era irremediável, o continuar. 

Remei ate o farol do cais. Do teu cais. Mucuripe. O nome do teu cais arrebatava as ondas calmas com meu remo. O teu gosto me invadia sal à dentro, maresia confundida com suor. Será que todas as noites de lua eu sairia, assim, cigana, pra te procurar? Ah, mas era você... Era tudo que eu via naquela névoa sem linha de horizonte, entende? Era sua a direção estampada na minha bússola.  A luz do farol estava verde, por causa da névoa. Seria difícil te encontrar em outra cor. O teu amor faz cometer loucuras. Era o que minha boca seca sussurrava ao se aproximar daquele cais. E que te prometi um beijo no píer. E pensava que qualquer lugar seria um píer, quando era você. É que estava sempre a margem de algo infindo. O mar é infindo. O píer, uma margem.

A lua se desfazia em seu provável último raio. O céu já vermelho. O farol nem piscava mais. Era carnaval em agosto. Era carnaval o ano inteiro. Era carnaval porque o botão da tua blusa amarela caiu na rua de pedra e era quarta feira de cinzas. E eu ficaria ali, assistindo, em terra firme, o teu dia, a tua lua se desflorar e virar outro mês, outra hora, outra vez. Outra vez ali, e sem você também. Mas o que mais me atraia em ir deitar no teu cais, na lua cheia, era que você, esporadicamente, deveria ir ali, também. Então, em algum tempo-espaço, a gente dança, naquele mesmo cais. 

E, na areia, distraída, achei outro botão. Sabe aquelas conchas que achamos? Aí a gente encosta nelas e escuta o ronco do mar. Ali sem água, mesmo no concreto, o ronco dele está perto. Encontro botões, assim, também. Na areia, no vidro, no mar. E, mesmo distante, assim como as conchas estão do mar, te escuto chegando. Escuto você sussurrando sua volta ao cais.




Thursday 1 November 2012

Careless whisper



 Os dragões também dizem sim ou O hibrido escafandro

A água ficou vermelha. Um oceano inteiro nos meus olhos. Virei escafandro. Ao nadar por aquelas águas, tudo parecia genuinamente meu. É que, no azul, não poderia mergulhar. Não sabia aonde ir, como chegar, como voltar. Seriam seus os sinais, se era azul, também, o seu sorriso, da cor do seu adeus. Tudo permanecia azul, porque você era azul, sereia. 

Num mar vermelho, turvo, esquecido, estava tudo bem. Desci até sentir a pressão entrar no meu peito. Ou sair. Fechei os olhos. Era minha única opção: achar o rosto por trás da voz. É que estava condicionada a ver seu rosto em qualquer parte do mar. Eles só viam pedaços do teu corpo, lembracas do teu mapa, algas do teu girassol, conchas em teus botões, azul da cor da tua janela. De olhos fechados, não via tudo você. Poderia reconhecer teu canto, o verdadeiro. Fechados. Já fazia um tempo em que não nadava com ancora, corda presa nos pés. Machucava tuas barbatanas. Cada vez mais, você virava do mar. Quase não saia mais pra superfície, o azul também era tua casa. 

Eu tinha ar para sete minutos. Agora seis e cinqüenta e três. Dancava no profundo vermelho. No finito... Tuas mãos em minhas mãos. Sentia teu ar no vidro do escafandro. Meus pés de pato, tua calda. Um satélite energizando a água, de vermelho para o negro. Sumimos. Na dança, nadávamos. Na velocidade, imprecisa, de nós marítimos humanos. O satélite no vidro entre o teu rosto e o meu ar de quatro minutos e vinte. Não poderia escapar. Prendi a respiração, ainda você no vidro. Segura meu ar, sereia. Me segura. 
Saí do vidro. Já não era mais escafandro. Era híbrido, terminantemente escasso, participante do teu mundo de guelras. Um vôo em emergência, num mar completamente vermelho. Abri os olhos. Abri os olhos no azul dos teus. Desencadeava algo que chamavam de Sol do Dragão. Era o mar vermelho, pelo fogo que os dragões marítimos carregavam, e queimava a água inteira. Sem poder despejar tanto fogo, a pigmentação corroia toda a maré. E nessa maré, era possível ver todos os, também híbridos, seres ciano-magenta que permaneciam camuflados, meio a todo o azul do oceano. A densidade no Sol do Dragão era mais intensa, então estávamos todos em desaceleração constante. Estávamos presos no tempo dos dragões. O meu ar de quatro minutos e vinte reduziria, ou acabaria, ou estenderia por horas. Estava a todo vapor, a mercê do Sol hibrido desacelerado em construção. Você continuava azul. Sua dança em movimentos parcialmente espaciais. Seu sorriso destruía, calmamente, a minha pressão submarina. Meu coração, agora hibrido, parava e soluçava em voltas quando sua dança chegou a mim. Ela tocou, milimetricamente, todos os fios da minha cor inexata oceânica. Sua calda esparramada na agora nossa dança. “Não dói”. 

Estávamos à queima roupa. Dois passos em velocidade lunar. Os cavalos percorriam nossa atmosfera em passos acelerados, cabeça pra baixo, círculos violentos de ar pelos poros azulados. Firmamos as mãos, adágio. Collé. O submundo marítimo sucumbia pelo mar vermelho. Abissais tentavam chegar a terra para descolorir a indevida freqüência que os dragões pintaram.  Híbridos corpos em devant. Costas arqueadas. Nenhum marujo havia beijado a boca de uma sereia, antes. Era letal para qualquer sentido humano. Mas no Sol, com o mar vermelho, também era um ser do mar. Não haviam lábios a serem tocados. Só aquela sensação de perder-se. Eu sabia que se ficasse, ela estaria sempre ali. Peixes pescadores se misturavam a esponjas, sua luz já não iluminava. Espectros e corais continuavam em ordem, em descanso e luto absoluto. Sissone. Salto em duas pernas, caindo em uma só. Estando em uma só. Era a ultima coisa que queria fazer. Passaria o resto de meu tempo tentando lembrar apenas daquela sensação de ser Azul, de ser organismo parte do teu mundo.
Uma correnteza enviesada para cima. O mar escurecia. A noite caia ali, também. Caia e levava com ela a cor vermelha dos dragões. Ouviam-se sussurros quentes, eles iam embora, deixando todo o azul do mar no seu devido estado de outrora. A correnteza me levava para a beira daquele oceano. Ah, você. Voce que é daqui. Eu que não fico. Que também não vou... Não vou porque resisto exatamente assim. Resisto na cor mais bonita. Na tua cor. 

Vinte e cinco segundos de ar. De cabeça pra baixo, retornava a superfície. Minha roupa de escafandro pairava há alguns metros dali. Ainda era dia, pelo céu. Pelo mar, era noite. Nadei até o navio. No vidro da cabeça submarina, marcava os mesmos quatro minutos e vinte. Eu estava suspensa, no tempo dos dragões.  Permanecia em você, à queima roupa. “Não dói”

Thursday 11 October 2012

Speedway

And when you slam down the hammer
Can you see it in your heart?
All of the rumours keeping me grounded
I never said that they were completely unfounded
 

When you slam down the hammer
Can you see it in your heart?
Can you delve so low?
And when you're standing on my fingers
Can you see it in your heart?
And when you try to break my spirit, it won't work.

Because there's nothing left to break anymore
All of the rumours keeping me grounded
I never said that they were completely unfounded
You won't sleep until the earth that wants me
Finally has me, you've done it now
You won't rest until the hearse that becomes me
Finally takes me, you've done it now
You won't smile until my loving mouth
Is shut good and proper
FOREVER
 

All of the rumours keeping me grounded
I never said that they were completely unfounded
And all those lies, written lies, twisted lies
Well, they weren't lies!
They weren't lies
They weren't lies.
I never said I could have mentioned your name
I could have dragged you in
Guilt by implication, by association
I've always been true to you
In my own strange way
I've always been true to you
 

In my own sick way
I'll always stay true to you.






Tuesday 11 September 2012

Hindue blues

o enterro no cais

quarenta graus. embarco mesmo assim. tripulação, não temos âncora. presos no cais. o vento não balança nem as ondas. não balança nem a sensação térmica de trinta, não balança nem o teu cabelo de areia, sereia. não posso te olhar. vinte e oito graus. quase terra firme à vista, quase você, seus olhos me tirando o foco, me perdendo a mão, a dança, o pôr do sol, tudo que não foi, tudo que não tinha você, eu perdi tudo isso, me perdi, sereia. 
andei por cima daquele porto, cada cais, cada barco, cada peixe fora d'água, cada luz, corda, verso, ponte, pedra, terra, névoa, barulho, letra, escuro, tudo no seu dirigível. não. só piloto barco, a maresia me distrai e viro pó, também. andamos mais depressa, assim. descemos do dirigível. era você, sereia. quase na borda, quase sangue... quando abriu os olhos, sabia que seria exatamente assim. eu não podia olhar pra você. hipnotizo. mas sua calda, fisgada, seu sangue na areia, seu frio te deixando azul, tua tristeza tão minha... olhei. fato. cortou meu coração, a mesma farpa que cortou tua calda. "não dói" ah, sereia... ah, você... e essa lágrima, então? e esse adeus? você é grande, mas eu te pego, te coloco no meu agasalho. será que, se te beijar, você vira gente? será que eu viro sereia, também? será que a gente vai embora, então? serão teus os pés a navegar no dirigível? serão teus os olhos tão distantes que tento puxar pro meu cais? ah, não, sereia. dói sim. você pode explicar sim, sem falar... o teu volume pesa em mim. não, não, não abre o olho, você... abriu. mesmo  no escuro, te vi. dói, sereia. mas dói baixinho, dói só aqui, quando você tá indo embora. mas também sou do mar. eu volto com você. te faço um carinho, te deixo na fenda que dormes, nunca mais uso âncora, sem pretexto pra te prender.

quinze graus. desci do convés, me curvei até tocar a água, minha mão mergulhada no balanço das ondas. o sol nascendo. fechei o olho. agora pra te ver, sereia... você é tão bonita. sua mão quase emergiu do mar, tocando a minha. não faz mal. não dói. vou beber mais garrafas. assim as tuas cartas tem morada mais rápido, e, quem sabe não chegam onde estás? ah, você deveria cantar, sim. 
me canta até te encontrar, sereia. 

Tuesday 4 September 2012

Lipgloss and cigarettes


blue moon, um dia depois. minha boca em chamas, no primeiro dia de primavera. não sei dançar, mantenho a distancia, permaneço na impossibilidade. dormi tarde, era segundo dia de primavera. acordei tarde, também. pensando em lembrar da música que dancei com você, agradecendo muito não ter sido embalada pela vodka. dormi de novo e me permiti, ao acordar, colocar meu sueter sem cor, a bota suja de lama, um maço de cigarros, que até poderia apagar, sim, e desci sem caminho algum. parei em frente a sua janela, procurando um motivo para estar ali. não achei nenhuma boa razão pra te contar, então desci a rua sob o pretexto de que, por um dia, te levaria para um passeio, como se fossemos heróis. você seria má. e eu beberia o tempo inteiro. então nada poderia nos manter juntas, e roubariamos o tempo, assim, por esse dia. ou, simplesmente, escreveria sobre esse dia, com o cheiro de cerveja da sua boca, também cortada, também distante, de trilha sonora. mas, na verdade, eu não sabia qual daquelas era a sua janela. então acendi outro cigarro, lembrei da louça pra lavar, quase lembrei da música, também, desejando não ser I'll never gonna dance again

Sunday 15 July 2012

Janela lateral

quando eu falava dessas cores mórbidas
dos homens sórdidos, do temporal 
o cavaleiro marginal




mas isso é tão normal... 



Tuesday 10 July 2012

Last dance for Venus


Enquanto eu mergulhava, me perguntava se era você ou eu, que morria.

Se ao te partir, ainda ia restar alguma coisa dentro de mim, de nós.

Ou se ia esvair-se como a linha que me puxava pra superfície - e encenei não alcançá-la. 

Pediria um cálice cheio de qualquer coisa, pra preencher o vazio que você deixou, 
quando a nossa valsa chegou ao fim. 

Qualquer pouco seria o suficiente para me afogar por completo, pra me deixar.   
Te deixar por um instante.

E, virando poeira, meus olhos apagam a chama que me vigiava do fim ao começo, 
num intervalo imóvel. 

Pois o azul que me preenche é o mesmo que te invade, que nos cala.

Que decai sobre os teus cabelos, me despedaçando

Que te fere sem tocar, no embalo

Que me entrega o pesar, diminuto

Que te enterra em nuvens, o silêncio

Que termina em dois passos, a valsa

Que me chama, acende: a última

Que sussurra o par, vazio

O azul que

Perdendo a cor,

Final e presente

Revela ao amorfo, você. 



Monday 16 April 2012

The velocity of Saul at the time of his conversion

Loosen the wire/ Your time has expired/ the only word left is "goodbye."/ In my new dream the light's shining on me/ Little needles of sodium unstitch the seams of the sky/ Hold your head higher/ The heavenly choir is settling in for the night/ And where I had friends I am left with loose ends/ Four hours of vision exchanged for four hours of fright/ But enough of "the fight"/ Enough "you and I"/ Enough of "prevail" or "walk in the light."/ While the angels stand by/ I get high as a kite/ I'm too tired to smile or know that I'm right/ Am I right?/ And all our best-laid plans/ They crumbled in our hands/ Our flags fell where they'd fanned/ You held in your breath/ Long after projections of death/ You sat in the waiting room gasping and rasped on dry land/ But the audience is tired/ "we've had enough fire, we're entering the age now of ice."/ And I, feeling older, pull off to the shoulder/ And wonder, with my head in my hands/ Should I call my wife?/ And say "enough 'you and I,' enough of 'the fight,' enough of 'prevail' or 'walk in the light'?"/ While the angels stood by/ I got high as a kite/ Too tired to smile or know that I'm right/ And when the spacecraft came down/ I was left on the ground/ Will you keep me around, will you help me survive after my

(Okkervil River)




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I'll meet you in the light.

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